Saturday, July 08, 2006

Horizonte distante

Critico os viciados em televisão. Sempre critiquei. Me incomoda quando as pessoas se juntam numa sala pra ficar olhando pra TV ao invés de conversar, com tanto assunto nesse mundo. Mas confesso que adoro assistir antes de dormir. Um dos meus programas favoritos chama SEMPRE UM PAPO, onde são entrevistados convidados, no mínimo, interessantes. Esta noite assisti à Fernanda Young, sobre a qual já havia ouvido falar uma coisa, ou duas. Arrogante, achei. Mas inteligente e provocadora. E em meio a comentários, poemas e frases, surgiu esta: “qualquer coisa que a gente anseia está sujeita à decepção”. Me identifiquei com ela e sempre que a gente se identifica, por mais que surja como um susto, quase um tapa no rosto, afaga. Afaga porque sentimos que não estamos sozinhos, que não é só um pensamento sem par. Talvez seja comodismo, mas concordo e acredito. As pessoas esperam, esperam, esperam e anseiam. E nessa ansiedade criam expectativas. E todas as vezes em que criei expectativas, sofri, desde uma nota na prova, o menino que não me tirou pra dançar (para o qual escolhi a melhor roupa e passei horas diante do espelho), o abraço esperado que restava em outros braços, a grana do fim do mês que veio atrasada, a coragem que me abandonou quando eu mais precisava, o presente de aniversario que ficou para o ano que vem. Nossa! Que guria frustrada! Não é isso, não. Só aprendi a não esperar. Não esperar dos outros, assim como não gostaria que esperassem de mim. Porque assim, quando eu te abraçar, um abraço inesperado, ele valerá por mil abraços. Mas se tu o esperas, posso te decepcionar, talvez ele te pareça menos confortante (ou confortável).
Bem-vindos os criativos, surpreendentes, quiçá imprevisíveis, porque sabem ir alem das nossas expectativas.