Saturday, July 08, 2006

Havia uma beleza ali?

Sou míope. Isso não é nenhuma novidade pra quem me conhece um pouquinho. O caso é tão grave que minha querida irmã me apelidou de “Garrafinha” dada a delicada espessura dos meus óculos. Não enxergo nada mesmo, tudo parece um desenho borrado. Mas, felizmente, a tecnologia me deu a alegria de poder ver a beleza das coisas que me cercam.
Porem, tem algo aqui dentro de mim que enxerga a mais (ou talvez a menos mesmo) e que, por isso, consegue captar belezas que parecem ser vistas só por mim.
Acho lindo ouvir alguém chamando a mãe de “mamãe” ou a avó de “vovó”. Lindo quando alguém deixa escapar um sorriso envergonhado, ou quando chora de emoção. Lindo quando alguem dá um abraço apertado ou quando encosta a mão. Lindo quando no meio da bagunça se encontra um bilhetinho amassado cheio de recordação. Lindo quando as lembranças me fazem sorrir sozinha. Lindo ver amigos jogando conversa fora (e como eu gosto disso). Lindo quando alguém elogia sem segunda intenção. Lindo ver quem eu gosto acordando de manha com os olhos pequeninhos e cabelo bagunçado. Lindo quando meu pai beija minha mãe. Lindo ouvir LOS HERMANOS (e lindo o Marcelo Camelo também). Lindo gostar de criança e mais lindo ainda, saber ser criança. Lindo terminar um livro e querer ler de novo de tão bom. Lindo receber uma cartinha à mão e feio, muito feio, depender de televisão.

“Havia uma beleza ali, ou era criatividade minha?” (Vanessa da Mata)