Tuesday, October 19, 2010

Assim

Sutil e suavemente como quem respira. Perdida e desvairadamente como quem lhe falta o ar.

Do lado de dentro

Eu, coração, tô feliz por ti, por mim, por ela e por nós. Tô em paz. E espero ficar assim pra sempre. A inquietude faz bem quando a gente precisa voltar a se sentir vivo outra vez, mas, quando é crônica, sufoca e nos maltrata. Nós, os corações, não entendemos muito bem por que vocês pensam tanto, nós só sabemos sentir (e somos bem felizes assim). Às vezes tu falas algumas coisas pra ela que me fazem acelerar de montão e parece até que não vou aguentar. Ela bem que gosta, mas eu bem que me assusto. Noutras, tu ficas bem quietinho e me deixas ficar sentindo o teu (esse é o meu momento preferido!). Tenho que confessar também, que dói quando eu sinto saudade, mas se sei que tu vens ficar pertinho de mim, tento me fazer de sonso pra que ela não sofra e fico quietinho aqui, contando os segundos a cada batida. Agora ela já tá chorando (chora feito uma boba) e eu tava aqui transbordando, por isso vim desabafar contigo. Sucesso, meu amigo! Eu te amo.

Monday, July 12, 2010

Total e breve

Recebi o resultado do meu primeiro exame de sangue. Sei que isso não é lá muito responsável, mas, sim, esse foi o primeiro. Tá tudo bem aqui dentro, ao menos biologicamente falando. Mas a pequena notícia que fez bem foi saber que sou doadora universal. Se precisar, é só chamar! Me senti mais útil. Mais humana. Mais coração – e sangue. É curioso como as notícias ruins vêm repletas de introduções, vírgulas, parênteses, porquês, enquanto as boas chegam assim, em duas palavras: “te amo”, “é menina”, “ tô aqui”, “eu quero”, “O negativo”. Sem explicações. Sem mais – nem mas.

Friday, July 09, 2010

Le goût du vent

Um tornado. Tudo fora do lugar. Inclusive a gente mesmo. E já não se sabe o que era pra estar ali, aqui, lá longe, lá nunca. Confunde. Intriga. Deixa sem rumo. Deixa sem chão. Aperta. Transtorna. Sufoca. Acelera. Desespera. A brisa afaga. Brinca. Relaxa. Acalma. Amansa. Mas... te leva?

Fluo

E hoje eu só queria um botãozinho. Um repeat. Início, meio e fim. Fingindo uma curiosidade infantil de quem descobre o tesouro escondido por si mesmo. Assim, dissimulada. Assim, inteira.

Wednesday, June 09, 2010

La nieve en la bola de nieve

O termômetro avisa: o°. Casacos cheirando a guardados. Suspiros virando fumaça. E parece que o frio congelou o tempo.

Tuesday, June 01, 2010

Partícula mínima de qualquer coisa

Estou de partida. Deixei lembranças em alguns cantos. Talvez te roubem um sorriso contido ou te causem desconforto, inquietude, estranhamento, espanto – o que já não mais me importa.
Por que soluças?
Agarrei-me a ti o quanto pude. Ouvi calado, sofri calado, chorei calado.
Suportei devaneios, desconstruí incontáveis teorias; fui tolerante, intenso, inteiro.
Duvidaste de mim e fizeste-me breve. Pois te enganas. Breves são as Paixões. O Amor envelhece. Assim como as horas que correm soltas, ninguém é capaz de parar o Amor. Sou aquele que te acompanha de outros tempos.
Por que soluças?
Talvez devesse partir apenas. Já o fizeste tantas vezes... Mas, me despeço. Sou maior. Infinitamente maior. Sou etéreo. Sou do tamanho do tempo. Não guardo o gosto azedo do desgosto. Sei que – apesar de creres no contrário – sabes mais sobre as palavras que sobre mim. As palavras te confundem. Sou o silêncio.
Por que soluças?
Quando sentires saudade, lembra-te que sou parte de ti. Sem ti sou nada. Vagueio à espera da hora em que possa descansar no teu peito outra vez.
Por hora, parto.
Por que soluças?
Não te esqueças: "nascer leva tempo”.

Wednesday, January 27, 2010

Chuva de verão

Eu sempre gostei dela. Desde pequeninha eu achava divertida aquela chegada de surpresa, mesmo que tentasse acabar com meu passeio. Mas eu ficava lá, encarando. E, por mais que a gente toda fizesse cara de brava, eu sempre via um meio-sorriso no canto do rosto. Aí era aquela gritaria e todo mundo correndo pra lá e pra cá. Desmanchava os penteados das vovós e acabava com os paletós que tinham acabado de vir da tinturaria. Tira a roupa do varal! Fecha as janelas! E quando mal se via, lá ia ela. Agitava a gente toda e ia logo embora, como se viesse só pra fazer essa mesma gente toda parar de girar a roda da mesmice. Vinha pra renovar, refrescar. Refrescar os rostos, as flores, o ar. Eu conheço pessoas assim: pessoas como CHUVA DE VERÃO. Chegam de repente, num domingo ensolarado ou numa tardinha sem graça e mudam tudo. E ainda há gente que faça cara feia, mas assim como eu via na infância, ainda reconheço os meios-sorrisos. Elas passam, simples assim, pois existem muitos rostos, muitas flores e muitos ares precisando delas. Mas voltam, no próximo verão elas voltam.

Tuesday, January 19, 2010

Eu tenho um plano

Sei que ainda não me conheces e, talvez, nem venhas a gostar de mim. Mas eu já te amo e já conto os minutos (mesmo que eles teimem em se arrastar). O choro inesperado, a risada solta, o cheiro de soninho que já sinto daqui. Os primeiros sons, as primeiras letras, juntá-las. Escrever sem parar até fazer um milhão de bilhetinhos para encher todos os bolsos da mamãe. Todas as maquiagens, todos os vestidinhos (combinando com a bolsinha), todos os penteados que vamos inventar. Ou, quem sabe, todas as tardes de um futebol desajeitado, sujos de terra e suor. Apitar a campainha, correr sem parar, andar dentro do carrinho do supermercado. Imitar o vizinho, fazer um filme, dançar até o pé pedir pra dar um tempo. Um dia inteiro de sorvete, pintar o nariz, pintar a parede, pintar o mundo inteiro e depois descansar. Por isso eu te espero, pequeninho, porque eu já tenho um plano pra nós.