Tuesday, June 01, 2010

Partícula mínima de qualquer coisa

Estou de partida. Deixei lembranças em alguns cantos. Talvez te roubem um sorriso contido ou te causem desconforto, inquietude, estranhamento, espanto – o que já não mais me importa.
Por que soluças?
Agarrei-me a ti o quanto pude. Ouvi calado, sofri calado, chorei calado.
Suportei devaneios, desconstruí incontáveis teorias; fui tolerante, intenso, inteiro.
Duvidaste de mim e fizeste-me breve. Pois te enganas. Breves são as Paixões. O Amor envelhece. Assim como as horas que correm soltas, ninguém é capaz de parar o Amor. Sou aquele que te acompanha de outros tempos.
Por que soluças?
Talvez devesse partir apenas. Já o fizeste tantas vezes... Mas, me despeço. Sou maior. Infinitamente maior. Sou etéreo. Sou do tamanho do tempo. Não guardo o gosto azedo do desgosto. Sei que – apesar de creres no contrário – sabes mais sobre as palavras que sobre mim. As palavras te confundem. Sou o silêncio.
Por que soluças?
Quando sentires saudade, lembra-te que sou parte de ti. Sem ti sou nada. Vagueio à espera da hora em que possa descansar no teu peito outra vez.
Por hora, parto.
Por que soluças?
Não te esqueças: "nascer leva tempo”.