Monday, October 16, 2006

Sobre o inesperado

Tinha um melhor amigo, o Abajur, mais conhecido como “moço da cabeça quente”. Era ele quem fazia com que ela dormisse sem medo nas noites sem estrelas, de céu escuro. Ele ouvia todas as suas estórias com a mesma cara de “não é comigo”.
Gostava de ouvir o barulho do gelo saindo das forminhas e de ficar olhando a fumacinha que saía do chocolate quente.
Nas tardes de sol, fazia corrida de tatu-bola ou tentava afogar os peixinhos que pescava (é, ela nunca foi muito esperta). Mas um dia, ela acordou e viu que havia crescido. De repente, sentiu que tudo tinha ficado nublado e começou a sentir molhado o seu rosto. Abriu a mao virada pro céu na esperança de sentir alguma gota de chuva. Sentiu cócegas nas bochechas, pelo caminho onde as lágrimas passavam, e assim, mesmo chorando, sorriu.