Tuesday, September 11, 2012

Sobre mãos e mães


Ontem à noite, quando passava os cremes antiidade, vi a mão da minha mãe. Mas não era a dela que eu via. Era a minha. Envelhecida. Nunca tivemos mãos parecidas. Nunca fomos parecidas. Sempre carreguei os traços - e jeito - do meu pai. Até que um dia eu deixei o ninho. E ao deixar o ninho, deparei-me diversas vezes com minha mãe. Nas manias, nos cuidados, nos pequenos gestos delicados,na determinação incansável de só ir deitar quando tudo estivesse no lugar – e a luz apagada. Em tudo que eu, por vezes, reclamava. Sair do ninho é perceber-se. É descobrir como se é sem o véu protetor, confortante e confortável que ganhamos com o primeiro abraço de mãe.