Friday, March 09, 2007

Sobre o vazio

“... mais ridículo ainda, é não escrever cartas de amor” Essa é a capa de um pequeno caderninho - lindo - que ganhei de uma grande amiga. E, ao me entregar o presente, ela pediu que eu escrevesse sobre o assunto. Muito bem, mãos à obra. De uns tempos pra cá, o romantismo ficou fora de moda, os relacionamentos viraram drive thru e as boas (e velhas) declarações de amor tiraram férias. As músicas, as roupas, as idéias, agora cobertas de estupidez e recheadas de um vazio sem tamanho. “Você era a princesa que fiz coroar e era tão linda de se admirar que andava nua pelo meu país” dizia Chico Buarque. “If you wanna be rich You got to be a bitch” diz, hoje, um desses aí que nem sei o nome. Isso, sim, é ridículo. Ridículo é fingir um sorriso feliz, ridículo é não ser autêntico, ridículo é esconder que falhou. Ridículo é ter vergonha de si mesmo, é mentir o tamanho, o peso e as intenções. Ridículo é não ler, não ouvir, não abraçar a mãe e o pai. Ridículo é criar pré-conceitos, é não andar a pé, é não chorar, não dançar, não colocar o pé na areia, não sentir a chuva, e, mais que tudo, ridículo é ter vergonha de dizer que amou.