Wednesday, March 14, 2007

Sobre flores e gatos

Talvez não sejam os gatos os únicos a ter 7 vidas. Já morri tantas vezes... Morri numa despedida, numa palavra que foi calada, na distância que me fez esquecida. Morri num abraço, morri numa estrada de volta pra casa. E fiquei ali. Estendida. E ninguém paga o enterro e as flores quando a gente morre de amores. Amor por alguém - e até por mim mesma, por um sonho, por um pedacinho que se desmancha. E, depois de algum tempo, vivo outra vez. Volto a sentir o ar tomando conta dos pulmões, mesmo que sufoque por um tempo. E tenho de voltar a caminhar, voltar a sorrir, voltar a encostar as mãos, voltar a acreditar nos sonhos, voltar a ser leve, deixar de ficar presa ao chão e voar por aí. Enquanto não chega esse tempo, o tempo de viver outra vez, fico ali, sem forças, sem graça, e vou indo embora junto com cada lágrima que cai do meu rosto. Até que, um dia, viro menina outra vez, com todas as incertezas, com toda fragilidade, hostilidade, com todas as dúvidas e medos. E vou crescendo e aprendendo tudo outra vez – e insistindo em não aprender as mesmas coisas de sempre. Insistindo em acreditar na ilusão de que viver é indolor.