Sunday, October 21, 2007

O dia em que o bobo virou super-herói

Tímido, ombros estreitos, pequenos olhos, coração fadigado, vestido de um misto de vergonha e medo, seguia a passos curtos o mesmo leste-oeste de anteontem. Naquele dia, avistou a menina despida de um misto de alegria e graça, num espaço grande demais pra ela. O bobo, ainda que sem jeito, vestiu-se de coragem, tirou do bolso gasto um pedaço de papel e com seus traços sutis esboçou uma flor. Uma flor tão frágil quanto as pernas finas da menina. Levantou, primeiro, os olhos, a testa franzida. Estendeu a mão trêmula e molhada. A menina sorriu e, naquele instante, conheceu seu super-herói. Um super-herói sem luzes, sem músculos, sem força, sem poderes. Um super-herói com coração de poeta.