Thursday, August 31, 2006

Sobre o involuntário

Lhe cai tão bem esse cabelo mal cortado
Essa calça desbotada
Esse sorriso envergonhado
Só nao lhe cai bem essa distância de mim...

Tuesday, August 29, 2006

Eu sou neguinha

Nunca entendi esse termo “racismo” (ao menos aqui, no Brasil). Primeiro, porque esquecem que existem outras raças que não os brancos e negros. Segundo, porque parece que só os negros o sentem na pele (literalmente). E, principalmente, depois de tantos anos de mesclas não há que se falar em raças "puras".
É muita estupidez proibir a entrada do negro no restaurante francês no meio de Copacabana (e a idéia aqui não é discutir a origem histórica disso, mas sim a sua inaplicabilidade).
O Brasil é uma mistura fina desde a música, cinema, literatura, moda, teatro, culinária ou pintura.
Racismo é pra outra época, quando, talvez, ainda fosse possível distingüir raça alguma.
Eu sou negra, branca, índia, ariana, amarela e tudo mais que eu puder ser (ou do que quiseres me denominar).
Quem dera eu ter pele de índia, cabelo de japa e bunda de mulata.
Triste daquele que tem só uma influência, uma origem, pois se torna tão igual ao que já existe.

Monday, August 28, 2006

O carteiro e o poeta

Serei carteiro. Não levo jeito pra essa vida de estudante de Direito. Não me atraem os livros doutrinários, nem a jurisprudência do STF (tão frios e sem poesia).
Cansam-me as aulas que mais parecem missa de sétimo dia (ateia, prazer).
Seria ousadia demais dizer que quero ser poeta. Então, que seja carteiro! Que eu leve poemas por aí, que eu reconcilie, que eu leve desculpas, que eu mate a saudade, que eu leve rimas bonitas, simples ou rebuscadas. Que eu leve palavras bem combinadas, que esperem à porta minha chegada. Então, assim, eu conhecerei a tua rua, teus vizinhos, e todas as manhãs passarei por ti e te desejarei “Bom dia”.

Sunday, August 27, 2006

4 esquinas

Quem dera te fazer lembrar de mim depois de dobrar a esquina.
Quem dera...
Se fores me esquecer, peço um favor: não dobra, vai?!
Se ainda insistir, que sejam 4!
E então te espero lá, outra vez, quiçá...

Monday, August 21, 2006

Saudade

Como eu tenho saudade... Saudade aquela forte que aperta o peito e molha os olhos.
Eu, pequena, olho estalado, sorriso fácil, ouvindo meu pai cantando as lindas musicas do Chico. As longas viagens no banco do meio do carro, mesmo que durassem 5 minutos. Minha irmã, perfeitinha feito boneca, com cheirinho de talco. O motorista da minha mãe buscando-a na frente de casa (é, motorista! Chic, não?!). E eu me despedindo vendo-a sair sempre linda e perfumada. As longas conversas com minha amiga imaginária. Os olhos do meu avô (os mais impressionantes que já vi) sempre acompanhados de um abraço apertado e balinhas de mel. Os papéis de carta que colecionei e nunca enviei. Preciso parar por aqui antes que duas ou dez lagrimas resolvam me visitar.
Mas tenho saudade do que não vivi e isso me encasqueta!
Tenho saudade dos tempos de guri do meu pai... Onde eu não era nem um projeto. Como queria tê-lo visto. O primeiro olhar trocado com minha mãe! Nossa! Daria o dedo mindinho pra estar ali, na condição de espectadora mesmo. Como num filme, onde eles seriam as personagens principais e o cenário todo fosse feito pra eles, pra contar a historia deles.
O rosto da minha mãe ao me ver nascer. Tudo bem, tirando o suor e o cansaço, aposto que ganhei um sorriso. Lindo! Quanta saudade...
Tenho saudade dos encontros de poetas e escritores, onde bebiam uísque, fumavam cigarros e cantavam. Exagero, não! Saudade mesmo! Dez minutinhos debaixo da mesa ouvindo Chico, Vinicius e Tom. Saudade de compor uma musica onde a censura pouco permitia e mesmo assim muito se dizia. Haja sabedoria! “Apesar de você”, “Meu caro amigo”, eu sigo afirmando! Como eu tenho saudade!
Antiquário! Ai de quem me acompanhe com pressa e passe por um antiquário: Parada Obrigatória! Não fosse a beleza de tudo que é “velho”, me encanta que cada objeto dali traz consigo um livro apensado. Quanta historia! E sinto saudade da velhinha que outrora fazia tricô naquela cadeira de balanço.



“No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...”
(Roda Viva – Chico Buarque)

Friday, August 11, 2006

O meu guri

Queria escrever algo simples e bonito, assim como o teu assobio de todos os dias (que eu gosto tanto de ouvir).
Obrigada por tantas coisas ensinadas (mesmo que nem todas aprendidas). Obrigada pelas músicas, pelas aulas de história, pela paciência, pela saudade que sabes fazer sentir de ti.
Obrigada por me desculpar, por me aceitar, por me abraçar teus abraços escassos, mas sinceros.
Como diz a música do Chico que cantavas pra mim, és a minha Fera, com tórax de Superman e coração de poeta, e eu a tua eterna Bailarina no nosso Circo Místico, só nosso.
Mais que meu pai, sempre fostes meu amigo e amigo dos meus amigos, o que te faz ser tão diferente.
Tomara te dar um montão de netos, pra que cada um deles tenha um pouquinho de ti, assim como eu herdei o teu nariz e tua teimosia, teu bom humor e tua alegria.
Obrigada por fazer minha mãe tão feliz e por me fazer te amar assim (mesmo tendo, por vezes, vontade de te mandar pr’aquele lugar).
És o meu velho malandro, que nunca deixou de ser guri, o meu guri.
Feliz aniversário, pai.

Roda Mundo

Outro dia ouvi uma música que chama “Nosso Mundo”, música essa que fala sobre voltar no tempo (pra “consertar” o passado).
Eis que parei pra pensar no assunto e vi que de nada adiantaria. Talvez pudesse mesmo consertar algumas coisas (talvez tivesse falado mais numas horas, menos outras, mandado mais cartas, dado mais abraços, ido embora, ficado mais um tantinho, aceitaria, voltaria correndo pra casa, teria me desculpado, teria mostrado um dedo bem feio), mas sem duvida, erraria noutras (quiçá, nos próprios acertos que consegui). Alem do mais, provavelmente não teria conhecido as pessoas que conheci, nem me tornado a guria que me tornei. Os sorrisos, suspiros e lágrimas me esculpiram assim. Talvez agora estivesse longe daqui, ou logo ali, triste, pensando em como seria bom se tivesse feito diferente, como seria bom se pudesse apenas pegar um papel e uma caneta e escrever sobre meu dia, e só com isso já sentir bem comigo mesma (como agora).
Os erros são inevitáveis e nem sempre os consertos valem a pena. Talvez seja melhor parar de se punir, de se arrepender, de se fechar pra tanta coisa bonita que acontece todo dia, ao invés de perder tempo pensando em como seria bom se tivéssemos feito diferente. Se fosse diferente, a gente não estaria aqui dividindo essas palavras.

Tuesday, August 01, 2006

Teu brinquedo de star

Queria te star aqui
Me star
Star em ti ou em mim
Só queria star... contigo